BALANÇO DA ÉPOCA DE ESCALADA
FEITO PELOS ORGANIZADORES
Temporada de 2017 lançou sementes de sucesso para 2018
Maior distribuição geográfica, ainda maior adesão dos escaladores, e maior aposta nos jovens e no feminino. Estas foram as sugestões dos homens que, no terreno,
tornaram possível uma das épocas de escalada competitiva mais bem-sucedidas de sempre.
O ano está a terminar e é altura de fazer balanços. Da mesma forma, é também altura de fazer o balanço a época de escalada na Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal.
Uma temporada dominada por André Neres, que venceu todos os troféus em disputa: Nacional de Dificuldade, Nacional de Boulder e Taça de Portugal de Boulder e Dificuldade.
No feminino, Rafaela Bastos conquistou os títulos nacionais de Boulder e Dificuldade, deixando a Taça de Portugal de Boulder para Oriana Brás e a Taça de Dificuldade nas mãos da jovem Teresa Coimbra.
Se durante a época ouvimos os atletas elogiar profusamente a competição, agora fomos ouvir aqueles que trabalham nos bastidores e sem os quais o circuito nacional de 2017 não teria sido possível,
os organizadores dos eventos sancionados pela FCMP: Tiago Martins, do rocódromo Vertigo, João Pena, pelo rocódromo Vertical Wall, Rui Pimentel, pela empresa Top 30, e António Joaquim Ramos (mais conhecido como “Tó Quim”), pelo Colégio dos Maristas de Carcavelos.
Tiago Martins, responsável pelo Vertigo, um dos rocódromos de referência do país, localizado em Lisboa, faz um balanço muito positivo:
“Não foi um ano perfeito, pois há sempre aspetos a melhorar, mas penso que se deu um grande passo em frente em termos da organização. Se quisermos apontar críticas, penso que temos apenas de repensar a questão da localização geográfica que tem de ser mais variada,
mas sei que a FCMP vai alargar o âmbito nacional das provas em 2018. De resto, apesar de não ter estado em todos os eventos, a grande maioria dos atletas participantes são filiados no Vertigo e, ao falar com muitos deles, tive um ‘feedback’ muito positivo.”
Por seu turno, João Pena, proprietário do Vertical Wall (outro dos principais rocódromos nacionais, localizado em Odivelas), e um dos atletas em maior destaque na temporada, também faz um balanço positivo, sublinhando, ainda assim, o trabalho que ainda é necessário fazer para colher os frutos deste ano excelente:
“O meu balanço é bom, sobretudo tendo em conta que se considera este um ano de transição para a escalada da FCMP. Mas penso que é preciso trabalhar mais ainda, sobretudo na federação dos atletas. A adesão foi muito boa, mas temos de ter ainda mais escaladores envolvidos. E tem de se investir na comunicação, que tem de ser ainda mais intensiva, para que se promovam os atletas e a modalidade.”
Tó Quim, representante do Colégio dos Maristas de Carcavelos, e técnico de Desporto, tem uma análise científica bem suportada em números:
A escalada tem de ser interpretada como um desporto e tem de ter clubes e associados a participar. Este ano pecou por ter sido aberto a atletas não federados, mas sei que é algo que vamos mudar em 2018” , começou por dizer, citando dados compilados por si no decorrer da época:
“Tivemos 92 participantes únicos nos eventos do calendário nacional; destes, 50 são Séniores e 42 da formação, ou seja, benjamins a juniores. Isto inverte um pouco a lógica da pirâmide de Coubertin em que temos mais Séniores que jovens. Em 2018, temos de trabalhar para aumentar o número de jovens e criar sustentabilidade para a escalada a longo prazo. Temos também de fazer um esforço para incrementar o desporto feminino, pois tivemos, em 2017, apenas 29 atletas femininos. Mas isso é mais um grande desafio para a modalidade, e não apenas para a FCMP.”
Contas à parte, as conclusões são favoráveis, sublinha:
“Penso que tudo esteve muito bem para primeiro ano, o balanço até em termos de ‘route setting’. A única crítica é mesmo a questão da pirâmide etária invertida, mas é mais uma meta que se vai atingir com sucesso.”
Rui Pimentel, proprietário da Top 30, empresa especializada em estruturas artificiais de escalada e eventos da modalidade, parceiro da FCMP no Nacional de Dificuldade que abriu a temporada, no Jamor, pronuncia-se muito favoravelmente a respeito da época desportiva de 2017:
“Faço um balanço muito positivo deste ano. Cansativo, mas positivo. Houve um investimento muito forte por parte da Federação na escolha das estruturas e nos pormenores de organização e isso deu frutos na adesão dos atletas e no bom ambiente que se viveu. Fundamentalmente, houve, pela primeira vez em anos, um campeonato devidamente estruturado, com princípio meio e fim. Só assim os atletas conseguem planear a sua época desportiva e tirar o máximo de rendimento.”
Questionado relativamente aos pontos menos positivos, Rui Pimentel preferiu deixar uma recomendação para os próximos anos:
“Não é tanto uma crítica, mas uma sugestão: não podemos estar preocupados em fazer muitas provas com muita gente. É preciso fazer duas ou três provas com os melhores escaladores, ao mesmo tempo que organizamos outros eventos, abertos, para captar mais gente e formar futuras ‘elites’ deste desporto.”
Agora, resta esperar pelo arranque da época de 2018, sendo que a FCMP já está a preparar a temporada com um calendário ainda mais ambicioso e focado na qualidade e crescimento da escalada.