História da Federação
É difícil definir no tempo o momento exacto da fundação do movimento campista, no entanto sabemos que já em 1875, o escritor Ramalho Ortigão recebera uma carta remetida por outro escritor, Eça de Queiróz, dirigida de Newcastle onde o informava da remessa duma volumosa encomenda de material e vestuário campista a seu pedido, desconhecendo-se quem veio a utilizá-lo. Terão sido estes os protagonistas do lançamento das bases para o movimento campista em Portugal?
O Campismo - Thomas Hiram Holding
Porém, e já sem margem de erro, podemos apontar 1908 como o ano da realização do primeiro grande
acampamento nacional: a Jornada Inaugural do Campismo Português. Instalado na Serra do Gerês (Chã das Abrótegas),
foi organizado pela Ilustração Portuguesa de Lisboa em apoio da excursão venatória com o intuito de apurar, definitivamente, o
desaparecimento da cabra geresiana. É também no norte do país, mais concretamente no Porto, que em 1932 é fundado o Grupo Excursionista Ar Livre (G.E.A.L.) para a prática de campismo fixo e viagens de turismo. Outros agrupamentos foram surgindo a ritmo mais ou menos constante, mantendo grande actividade no âmbito do campismo desportivo, acampamentos de férias, digressões na montanha, marchas livres e reguladas, etc. Anos mais tarde (1936), o etnógrafo Elmano da Cunha e Costa, percorreu em Angola 280.000 quilómetros com uma "roulotte"
fabricada em Portugal, para estudar em detalhe as 58 tribos desta ex-colónia.
Em 1937 surge o Clube Português de Campismo ou Camping Clube de Portugal fundado por iniciativa do jornal "Os Sports", mas que teve, contudo, uma vida efémera. A primeira experiência colectiva de campismo desportivo realizada no sul do país, decorreu em Vale de Fornos, perto da Azambuja, num fim de semana de Setembro de 1937. Foi visitada pelo romancista Samuel Maia que manifestou a sua satisfação ao verificar os efeitos da campanha que tinha iniciado, há tempos, em favor da vida ao ar livre. Neste mesmo ano, "Os Sports", jornal que antecedeu o "Mundo Desportivo", criou uma secção técnica e de divulgação do campismo orientada por Hermínios Portugal, pseudónimo de Antero Nobre.
Em 1940 viveu-se um momento marcante para todo o movimento campista, com a realização do I Congresso Português de Campismo Desportivo, onde se procurou a definição de um esquema orgânico de um movimento associativo campista e da sua concretização. Decorreu em Belas, na Quinta do Senhor da Serra, por iniciativa do Jornal "os Sports", sendo patrocinado pela Emissora Nacional. No seu decurso foi decidido estudar e elaborar os projectos de estatuto de uma federação, associação ou união campista portuguesa e do regulamento da Carta Campista, a submeter à aprovação de uma assembleia de delegados de todos os clubes e grupos de campismo. Por esta altura, já o Eng. João Santos Simões, Presidente da Comissão Municipal de Turismo de Tomar, havia construído uma "roulotte", tendo-a utilizado durante o acampamento de apoio a esse mesmo Congresso.
Em 1941 constituiu-se o Clube Nacional de Campismo que logo se extinguiu em 1945 para dar lugar à constituição da Federação Portuguesa de Campismo que procurou uniformizar a sua orgânica com as outras actividades desportivas.
Em 1944 o Ministério da Educação Nacional emite as Bases da Orgânica Campista, prevendo a criação da Carta Campista Nacional. Neste mesmo ano o campismo é classificado como desporto da classe B.
Finalmente em 6 de janeiro de 1945, é nomeada uma Comissão Administrativa que teve como principal missão a elaboração dos Estatutos da Federação Portuguesa de Campismo, os quais vieram a ser aprovados em 3 de Março de 1945, dando início à orgânica do nosso movimento associativo campista.
Nos anos seguintes, o Movimento Associativo continuou a sua difusão através da Federação, promovendo a realização de acampamentos e congressos, iniciando também filiações na Federação, sendo o 1º associado o Clube de Campismo de Lisboa.
Em 1949 a FCP filiou-se na F.I.C.C., a federação internacional responsável pelo campismo e caravanismo, na qualidade de membro constituinte. Devido à crescente necessidade de locais para praticar o campismo associativo, surgiram igualemente os primeiros parques de campismo federativos, sendo posteriormente publicada regulamentação sobre o seu funcionamento.
Em 1967 a FPC alterou o seu nome, passando a designar-se de Federação Portuguesa de Campismo e Caravanismo, passando a ser constituída por colectividades campistas ou com secções de campismo.
Reconhecida de pessoa colectiva de Utilidade Pública, em 15 de Junho de 1978, uma associação multidesportiva de direito privado, sem fins lucrativos, coordenadora do movimento campista e montanheiro em todo o território nacional.
Em 6 de Janeiro de 1983 é inaugurada a sede da Federação Portuguesa de Campismo e Caravanismo na Avenida 5 de Outubro em Lisboa, tendo passado anteriormente por diversos locais em Lisboa.
Em 1991 o Montanhismo passa a ser tutelado da FPCC, adquirindo competência para promover, regulamentar, dirigir e representar as actividades de montanha a nível nacional e internacional.
Durante o ano de 1995, a FPCC comemorou o seu 50º aniversário, promovendo ao longo do ano diversas actividades comemorativas, entre as quais a destacar a realização em Aljezur de um Rallye FICC e da inauguração das novas instalações na Avenida Coronel Eduardo Galhardo em Lisboa, onde se encontra a funcionar presentemente.
Por deliberação da Assembleia Geral de 25 de Janeiro de 1997, retoma a sua denominação inicial, assumindo o Estatuto de Utilidade Pública Desportiva, atribuído em 6 de Março de 1996.
No ano de 2003, é aprovada em Assembleia-Geral uma nova nomenclatura e a Federação Portuguesa de Campismo e Caravanismo, passa a ser denominada de Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal.
Em 1 de Janeiro de 2013, foi renovado o Estatuto de Utilidade Pública Desportiva.